DEPREDAÇÃO


Crítica ao desrespeito a cultura e a tradição.

No município de Iraquara, na Chapada Diamantina, encontra-se a Lapa do Caboclo, Pratinha, onde se pode ver pinturas rupestres feitas por homens primitivos que viveram há no mínimo 11 mil anos atrás.

A riqueza arqueológica da região não tem preço para os estudiosos e nem para os turistas mais informados: as pinturas levam à mente uma viagem no tempo. Usando a criatividade, pode-se imaginar homens se comunicando em eras remotas. Porém há aqueles que se acham artistas e decidem assinar seus nomes ao lado, ou muitas vezes em cima da arte primitiva, isso quando não escrevem palavrões. Estas pessoas sem cultura não sabem o quanto agridem a história e destroem documentos do princípio evolutivo da comunicação humana.

Cenas como esta não são difíceis de se ver na Chapada Diamantina, local onde a foto foi tirada. Não é novidade o desrespeito que nós temos com os povos antigos, ou com qualquer outro. Seria bom que a consciência humana tivesse evoluído e aprendido com a destruição que já causou, mas parece que isso está longe de acontecer. Deveríamos saber a importância histórica, a riqueza cultural que uma arte rupestre representa e até mesmo tirar proveito disso, porque não? Não há problema nenhum em cobrar para a visitação com o propósito de conservar o local, mas quando se cobra R$ 5,00 reais por pessoa e o lixo se espalha pelo lugar, latas de cerveja jogadas no chão, a poluição sonora agredindo os ouvidos "pagode nas alturas", sem controle algum do número de visitantes, é revoltante, é triste e não podemos fazer muita coisa a respeito, pois este lugar se encontra fora do Parque Nacional da Chapada Diamantina. A Pratinha está localizada dentro de uma fazenda particular. As leis deveriam estar aí, e deveriam estar sendo cumpridas.

Orgãos como a Bahiatursa e outras associações deveriam se manifestar e fiscalizar acontecimentos como este, ou melhor, deveriam educar os visitantes e os nativos. O turista tem muito a ver com essa destruição, mas muitas vezes o problema provêm da própria população local que não tem informação e não sabe o mal que está causando. O turismo, inevitável, não pode trazer danos a arte natural e nem a qualquer outra forma de manifestação da natureza, afinal, se as belezas naturais da região forem transformadas e destruídas, que recursos estarão sendo atraídos para a localidade? E não é isso que esses órgãos almejam? Desenvolvimento local?

O planejamento e a educação são os grandes pilares de sustentação para que o desenvolvimento ocorra de forma controlada e atinja o menor índice de transformação possível. Sem esta preocupação de desenvolvimento o grande número de turistas, que cresce indiscriminadamente todo ano, poderá transformar as tradições e o meio natural em algo incontrolável e danoso.

(EXPOART, 2000)