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Assunto: A ARTE CONTEMPORÂNEA SEGUNDO FERREIRA GULLAR
Autor: VITOR BORGES
Data: 19/04/2008 21:27
ENTREVISTA COM FERREIRA GULLAR

O senhor diz que a arte tem que emocionar, caso contrário não é ar­te. No entanto, hoje em dia as pes­soas teorizam tanto a arte...
Existe uma tese da arte conceitual, da arte feita só por idéias. Isso não tem cabimento. Para refletir, preciso ler filosofia, não vou me ocupar do estilo de pintar do Cildo Meirelles para fazer isso. Ele é um excelente pintor, mas por que ele não pinta em vez de fazer o que está fazendo? Co­loca escrito na obra "Urinóis – cocô artificial com planta natural". É para pensarmos sobre isso? O que vamos pensar sobre cocôs e plantas artifi­ciais? Isso é muito pobre. Se ele fi­zesse os guaches que fazia antes, se comunicaria e transmitiria coisas que as pessoas poderiam sentir por meio da arte. Estive agora em Paris e fui ao Museu de Arte Moderna. Só vale pelo acervo de obras realizadas até a dé­cada de 40. Depois disso, nada vale a pena. O museu está vazio, ninguém vai lá. Tinha até uma exposição da Yoko Ono, que só faz besteira tam­bém, mas mesmo assim estava vazio. Só está lá porque ficou famosa de­pois que casou (com o ex-beatle John Lennon). É inacreditável ver os dire­tores do museu convidando esse tipo de gente para expor. O resultado dis­so é que ninguém vai lá ver a exposição. Já o Louvre recebe multi­dões de pessoas, assim como o Mu­seu Picasso.

E quanto aos críticos que escre­vem páginas e páginas sobre essa ar­te conceitual? As vezes, ao terminar­mos de ler uma dessas críticas, nos sentimos péssimos, pois não enten­demos nada.
Nem eles entendem, porque não há o que dizer sobre isso. A Jac Lemer fez uma exposição no Rio de Janeiro com umas maletas de viagem e teve um crítico que citou Heiddeger e Marx para apresentar a exposição. Não tem nada a ver com nada. É um texto indecifrável que, na verdade, não significa nada. O crítico não tem o que dizer e fica inventando. Vai di­zer o quê? Que as maletas estão bem arrumadas no espaço? Realmente não há o que dizer, pois ela nem fez as ma­letas, as comprou prontas. A rigor, não pode haver crítica sobre essa bes­teirada. O difícil é explicar como isso se mantém há décadas. A Bienal de Veneza acabou de ser inaugurada com as mesmas bobagens. Antes de ser aberta ao público, um cara mandou uma proposta de instalação que é um absurdo, e foi obedecida pela direção do evento. A idéia propunha a criação de um muro que fechava a entrada do pavilhão espanhol. Para que a entrada fosse permitida, seria necessária a apresentação do passaporte espa­nhol. Ou seja, ninguém conseguia en­trar. E o incrível é que a Bienal topou isso! Na verdade, o artista estava era fazendo uma grande gozação com a Bienal, gozando a instituição. Essas pessoas são niilistas. Destruíram a ar­te, são pessoas que não têm o que fa­zer na vida e, com razão, gozam uma instituição que quer instituir algo que não existe. Essa instituição tanto vive um impasse que aceita a sugestão de um cara que manda fechar a porta da sua própria exposição. Afinal, se ne­gasse o pedido, ela não seria uma ins­tituição de vanguarda, seria conserva­dora. e como é de vanguarda tem que dizer sim. Só que isso acaba com ela. O que acontece então? Acontece que a Bienal praticamente não tem mais expressão alguma. É moribunda, está se autodestruindo. Aceitar esse tipo de coisa é autodestruição. (...) A última Bienal foi um fracasso. Todos os vídeos eram chatérrimos e cheios de boba­gens. Em Paris, assisti recentemente a um vídeo que só mostrava um cara berrando sem parar. Interna esse ca­ra! Vídeo bom é aquele que narra al­guma coisa.
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Assunto: A ARTE CONTEMPORÂNEA SEGUNDO FERREIRA GULLAR
Autor: Sérgio Prata
Data: 27/05/2008 18:43
O Ferreira Gullar tem toda razão, ao colocar o pingo em cima dos ís.
Nelson Rodrigues disse que o Brasileiro é um analfabeto plástico. O mundo está caindo no conto da arte contemporânea, que nada mais é do que um gueto formado em cima de idéias cínicas e raciocínios herméticos.
É necessário, urgente, ler Desconstruir Duchamps, de Affonso Romano de Sant´Anna, e Argumentação contra a morte da Arte, de Ferreira Gullar.

Chapeau pour toi, Gullar.

Estudei na Ensb-A de Paris, e assino em baixo de tudo o que disse, só tenho a acrescentar.
Felizmente, temos estes dois grandes críticos de arte e cultura.

Sérgio Prata
www.sergioprata.com.br
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Assunto: A ARTE CONTEMPORÂNEA SEGUNDO FERREIRA GULLAR
Autor: Cristina Jacó
Data: 14/07/2008 14:30
Caros Srs. compactuo com seus descréditos sobre as aberrações da arte contemporânea. São inúmeras situações e propostas de reflexão que nem mesmo os críticos esclarecidos conseguem decifrar, mas ai ficam algumas dúvidas: arte não deveria ser para todos? Por que precisamos do auxílio de críticos para nos ajudar a compreender ou fruir uma obra? E porque necessitamos de alfabetizmo visual para conseguir considerar algo, como obra artística?

Realmente a arte da atualidade passa por uma série de manifestações que nos fazem desejar a volta do passado. Mas não sou estúpida ao ponto de negligenciar suas contribuições, só gostaria que houvesse mais verdade nas produções artísticas. Gostaria que o artista voltasse a ser um trabalhador e não um desvairado oportunista, como em muitos casos.

Grande abraço a todos,
Cristina Jacó

www.desenhotudo.com
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