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Assunto: SOBRE ARTE
Autor: VITOR BORGES
Data: 04/03/2008 18:50
| Bienal sem obras de arte, apagões em museus, falta de recurso e de credibilidade nas instituições; afinal, qual o caminho em que se enveredou a arte e tudo que a cerca?
Imaginemos uma situação para depois avaliarmos os fatos; como somos indivíduos, será respeitada a individualidade e perspicácia de cada um, sendo assim, também, respeitado todo e qualquer tipo de opinião que será muito bem vinda.
Imaginemos uma exposição de arte com quarenta artistas, por tanto, quarenta obras distintas em diferentes linguagens visuais. Dessas quarenta obras, dez (10) são videoarte, entre as outras trinta (30) obras estão pinturas, instalações, objetos, enfim. Suponhamos que cada vídeo tenha duração de vinte (20) minutos, ou seja, os dez vídeos juntos somam três horas e vinte minutos. Sabemos que a visita a museus e galerias não é uma ação muito praticada por brasileiros, assim como não temos o hábito da leitura. Se um indivíduo desloca-se para esta exposição com quarenta (40) obras, ele passará três horas e vinte minutos somente para assistir videoarte. Podemos perceber que é tempo mais do que suficiente para assistir um filme no cinema, ou ir a um belo espetáculo de teatro. As trinta (30) obras restantes não podem ficar para trás, o visitante ainda tem muito que fazer, afinal, ele não pode desprezar as outras linguagens artísticas. Quanto tempo esse mesmo visitante permanecerá diante de uma instalação, ou pintura? Não sabemos ao certo a resposta para essa pergunta, podemos apenas deduzir que, o indivíduo não desprenderá o mesmo tempo de vinte (20) minutos que gastou para ver um dos vídeos. Um ou outro visitante pode até permanecer esse tempo apreciando uma instalação, porém, se ele desprender igualmente vinte (20) minutos do seu tempo para observar as quarenta (40) obras expostas, assim como fez com os vídeos, ele terá que ter disponível, nada mais nada menos, do que doze (12) horas ininterruptas. Quantos espetáculos de teatro pode o visitante assistir em doze horas, ou quantas sessões de cinema, ou o quanto pode ler de um livro ou apreciar de um show de música, ou de dança? Além de tudo, ainda temos de, muitas vezes, ficar diante de obras herméticas, sem emoção, sem reação, sem recado ou objetivo mais explícito.
Eu gostaria de deixar bem claro que não tenho nada contra as linguagens artísticas, como afirmei antes, estou expondo fatos. O que pretendo com esse texto é afirmar que, o visitante não tem tempo suficiente para apreciar igualmente todas as obras, nem tempo de sobra para revisitar a exposição, o que é um prejuízo considerável para os artistas. Qual o sentido de uma exposição que não pode ser apreciada por inteiro? Quais são os acertos e desencontros da arte contemporânea do final do século XX e início do século XXI? O que é e o que não é relevante dentro desses aspectos que envolvem tantas questões? Gostaria de obter opiniões, afinal, temos aqui um espaço democrático para expor pensamentos e gerar debates, não podemos deixar oportunidades como essa passar em branco.
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